Figura
1 – Principais giros nas Bacias Oceânicas do Atlântico, Pacífico e Índico. Fonte: NOAA, 2013. |
Os Oceanos nunca “descansam”? Nunca, os Oceanos estão sempre
em movimento e isto exerce grande influência em nossas vidas. Neste artigo, vou
tratar de forma bem simplificada como as correntes marinhas são formadas e
alguns processos envolvidos.
Os movimentos mais intensos que ocorrem nos oceanos
concentram-se principalmente em sua superfície e se dão na forma de correntes (Castro
& Huber, 2003). Pode-se dizer que as correntes são formadas basicamente
pela energia do sol. Quando a radiação solar atinge a superfície da Terra aquece
a camada de ar circundante, que se movimenta de regiões mais quentes para as mais
frias, formando os ventos, que promovem a
circulação da
água através do atrito gerado pelo o contato da massa de ar com a
superfície dos oceanos. A elevação na temperatura da água, também ocasionada pela
energia solar irradiante, altera sua densidade, originando as correntes pela
diferença entre a densidade de águas quentes (menos densa) e frias (mais
densa). Essas alterações
na temperatura da água influenciam as taxas de evaporação e precipitação,
modificando a salinidade da água do mar, consequentemente, modificando a densidade
da água e gerando as
correntes.
Fatores
como o movimento de rotação terrestre, distribuição de calor na superfície,
sazonalidade (verão/inverno), presença dos continentes também podem influenciar no
fluxo das correntes.
O movimento de rotação tem efeito importante no padrão de
circulação dos oceanos,
promove deflexão das correntes em 45°. Esse
desvio é chamado Força de Coriolis, onde no hemisfério norte é para
direita,
enquanto no hemisfério sul ocorre para a esquerda.
Como
a irradiação do calor na superfície terrestre não é
homogênea, a
energia solar atinge a Terra mais intensamente na região equatorial, fazendo
com que o ar se aqueça e suba. Deste modo, o
ar frio das áreas adjacentes repõe o
ar aquecido, criando assim os ventos. O ar quente que sobe à atmosfera nesta
região se resfria ao atingir grandes altitudes e se movimenta na direção dos
polos, descendendo acerca das latitudes de 30° norte e sul (Figura 2). Mas
estes ventos não fluem diretamente para a região equatorial, eles são afetados
pela Força de Coriolis, atingindo esta região em um ângulo de 45°, chamados
Ventos Alísios. Estes ventos ocorrem na região tropical e sopram de leste para
oeste.
Este
movimento do ar cria células de circulação atmosférica e são chamadas de
Células de Hadley. Na região subtropical, compreendida entre as latitudes de
30° e 60°, tanto norte quanto sul, o movimento do ar é oposto ao que acontece
na região tropical, fluindo de oeste para leste. Nos polos, o movimento do ar
muda novamente de direção e passa a soprar de leste para oeste. A Figura 3
ilustra como o ar atmosférico se movimenta sobre a superfície terrestre.
Os Ventos Alísios são os mais constantes sobre a superfície
terrestre e são os principais responsáveis pela formação dos grandes giros
oceânicos, que são sistemas circulares de corrente de superfície presentes nas
bacias oceânicas. No hemisfério norte estes giros se movimentam no sentido
horário, enquanto no hemisfério sul giram no sentido anti-horário.
Estes giros são os responsáveis pelo transporte
de calor da região equatorial para os polos. Devido à alta capacidade térmica
da água, o calor absorvido na área tropical é transportado e liberado nas
regiões polares. Por outro lado, a água resfriada nos polos flui em direção à
região equatorial. Dessa forma, estes giros funcionam como reguladores da
temperatura e do clima na Terra (Figura 4).
Figura 4 – Maiores correntes de superfície dos oceanos, os
grandes giros se localizam nas bacias oceânicas do Atlântico, Pacífico e
Índico. Fonte: Castro & Huber, 2003.
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Mas as correntes marinhas não transportam apenas calor, elas
também são usadas por várias espécies para migrar para diferentes regiões. Se
você se lembra da animação “Procurando Nemo”, a estória mostra as tartarugas
marinhas utilizando a Corrente Leste Australiana para se locomover para outras
áreas. Muitos animais de grande porte, como baleias por exemplo, também
costumam utilizar as correntes marinhas para realizar suas migrações. Outras
espécies, que possuem parte do seu ciclo de vida planctônica, são dispersadas
para outras regiões através destas correntes. Outro bom exemplo é o de Amyr
Klink, que se valeu do conhecimento sobre correntes marinhas para atravessar o
Oceano Atlântico em um caiaque.
Assim, compreender como as correntes marinhas são formadas e
os processos envolvidos neste complexo sistema são de fundamental importância
para entender como o clima em nosso planeta é regulado e compreender como a
vida marinha é influenciada pelo movimento dos oceanos.
Referências
Bibliográficas
Castro, P.; Huber, M. E. 2003. Marine Biology. Fourth Edition. The McGraw-Hill
Companies. 456p.
Colling, A.
2001. Ocean Circulation. Second Edition. The Open University. 286p.
NOAA, 2013. Ocean Currents. Ocean Explorer. Acessado
em 13/06/2014.
http://oceanexplorer.noaa.gov/edu/learning/player/lesson08.html.
Tomczak, M.; Godfrey, J. S. 2005. Regional Oceanography: An
Introduction. PDF Version 1.1. 391p.
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