quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Equipamentos de mergulho: Máscaras


Marcos Pelaes & Daniele Serra

Esta série tratará de assuntos relacionados às funções de cada equipamento de mergulho, como escolher e a melhor maneira de conservar seu equipamento para que ele dure por muito tempo. Este primeiro artigo trata das máscaras, que é o primeiro item do equipamento básico de mergulho (máscara, snorkel e nadadeiras) e obviamente é um equipamento essencial para pratica da atividade com conforto e segurança.

1. Como funciona

Todo mundo já deve ter experimentado a água em contato direto com os olhos e deve ter percebido que nesta situação a visão torna-se comprometida, embaçada, não se consegue definir claramente o que está sendo observado. Isso ocorre porque os olhos humanos não são capazes de captar a luz refletida dentro d’água (conseqüentemente a imagem) do que está submerso. Além disso, no ambiente aquático a luz se encontra sob influência dos fenômenos de refração e difusão, que é a maior responsável pela falta de nitidez debaixo d’água.

Fique sabendo!
Refração: mudança de direção dos raios luminosos quando passa de um meio mais denso para um meio menos denso (e vice-versa), que ocorre devido à diminuição da velocidade de propagação da luz (ou aumento, quando a luz se propaga de um meio mais denso para um menos denso).


Difusão: dispersão dos raios luminosos, devido à reflexão da luz ao colidir com as moléculas de água e partículas em suspensão na água.







Por isso, quando se mergulha é necessário usar máscara para enxergar. Isso ocorre porque a máscara mantém um volume de ar dentro dela e quando a luz difusa na água penetra na máscara e entra em contato com o ar, deixa de ser difusa. Desta maneira, os olhos humanos captam a luz mais uniformemente e então se enxerga com nitidez. Durante a refração da luz da água para o meio aéreo da máscara, a luz sofre um pequeno desvio no seu curso que causa ilusão de ótica. Assim, ao mergulhar de máscara têm-se a impressão de que o que se está enxergando é maior e está mais próximo.

2. Tipos de máscaras

Existem muitos tipos de máscara: (1) máscaras com um ou dois vidros; (2) com visão panorâmica; com (3) válvulas de escoamento de água; (4) máscaras com computador acoplado, existem ainda as (5) fullface e as mais recentes (6) frameless.

Máscaras com um vidro (1) e com dois vidros (2).
2.1. As máscaras com um (1) ou dois vidros (2) são as mais comuns e possuem cores e modelos diversos, em geral variam em volume interno de ar e inclinação e tamanho do(s) vidro(s).

Máscara com visão panorâmica

 2.2. As máscaras com visão panorâmica têm vidros laterais que promovem visão panorâmica, geralmente apresentam maior volume interno.






Máscaras com válvula.

 2.3. As máscaras com válvula de escoamento, permitem que a água no interior da máscara seja expulsada sem que se faça a manobra normal de retirada da água da máscara.

Máscara com computador acoplado.
2.4.Máscaras com computador de mergulho acoplado facilitam o acesso a esse equipamento, então se consegue monitorar os dados do mergulho com maior facilidade.
 
Fullface
 2.5. As fullface são máscaras que recobrem todo o rosto e permitem a instalação de equipamento de som para comunicação. Nessas máscaras o segundo estágio é interligado à máscara e pode estar configurado de duas formas: para que se respire direto nele (respiração pela boca) ou que se respire livremente dentro da máscara (respiração pela boca ou nariz).

Frameless
2.6. E as frameless, que são máscaras sem moldura, ou seja, o vidro é inserido diretamente no silicone. Isso diminui o peso, o volume da máscara e ainda permite ampliação da visão, já que os olhos ficam mais próximos ao vidro. Existe também a desvantagem em danificar o vidro com maior facilidade se a máscara cair.


 
3. Considerações para a escolha da máscara.

Para escolher uma máscara é necessário prestar atenção em alguns requisitos básicos: (1) vidro; (2) material maleável e (3) ângulo de visão.

3.1. Vidro: as máscaras com vidro temperado são mais seguras. Em caso de choque esse tipo de vidro se estilhaça sem pontas.

3.2. material maleável da máscara: é melhor que seja de silicone antialérgico (transparente ou preto) composto por ventosa. Esta ventosa deve aderir ao rosto de forma que fique ajustada, sem ficar pequena ou grande, pois de ambas as formas poderá haver entrada de água. A máscara deve ficar confortável, aderida naturalmente e nunca causando desconforto ou pressão em qualquer região do rosto. A tira deve ser maleável e ser ajustada confortavelmente. O mesmo deve acontecer para a região do nariz, para que a equalização não seja comprometida/atrapalhada.

3.3. Ângulo de visão: Uma boa máscara para o mergulho autônomo fornece ao mergulhador um bom ângulo de visão sem grande movimentação. Isso facilita a verificação e monitoramento de todo o equipamento no próprio corpo e no corpo da dupla.

4. Cuidados

Ao adquirir uma máscara de mergulho, deve-se lavar o(s) vidro(s) com creme dental sem abrasivos. Essa lavagem remove a película (uma cera) que protege os vidros das máscaras novas. Esse procedimento evita que a máscara embace demasiadamente durante o mergulho.

Para conservar a máscara de mergulho é necessário lavá-la com água doce e limpa. Durante esse processo todo o resíduo de sal, areia, ou qualquer outro tipo de material deve ser removido do equipamento. Algumas vezes o processo exige certa paciência e algum tempo de imersão. Após a lavagem a máscara deve ser colocada pra secar à sombra. A exposição ao sol torna o silicone ressecado e deformado, causando desconforto e comprometendo a eficiência do objeto. Além disso, quem faz uso do strap de neoprene (peça acoplada à tira da máscara, que minimiza o emaranhado dos fios de cabelo na tira de silicone da máscara) deve retirá-lo antes de guardar a máscara, já que o neoprene reage com o silicone, fragilizando a peça, além disso, deixa o silicone transparente amarelado.


Embora as informações ajudem a escolher a melhor máscara (ou o melhor custo benefício no momento), é sempre bom conversar com alguém com maior experiência. Procure um profissional especializado para orientá-lo, além de ajudar a escolher um bom equipamento, eles também ensinam como conservá-los. Mais informações ou dúvidas, entre em contato.

Links: 
Máscara com um ou dois vidros: - http://www.mares.com/?region=eu
Máscara Panorâmica: http://www.seasub.com.br/
Máscara com Válvula: - http://www.leomar.com.br/leomar/
Máscara com computador: http://www.oceanicworldwide.com/us/
Fullface: http://www.poseidon.com/
Frameless: http://www.cressi.it/Catalogue/Details.asp?id=860&CatMacroID=5&FilterByMacroCat=100 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Checkout Advanced Open Water Diver em Ilha Grande


E mais uma vez estivemos em Ilha Grande, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, para realizarmos o checkout de mais um animado grupo de amigos de mergulho. Neste final de semana (18-19/08/2012) realizamos o checkout do nível Básico (Open Water Diver), com o Instrutor Akira, e do nível Avançado (Advanced Open Water Diver), com este que escreve este post.

Como de costume, nos encontramos na Aqualander Mergulho na sexta-feira a noite e por volta das 21:30h partimos rumo ao nosso destino. Após boa viagem, chegamos ao pier de Angra dos Reis (RJ) e para nossa surpresa, fomos presenteados com um forte vento soprando de NE, que agitava um pouco o mar e gelava as orelhas de nossos amigos. Mas, apesar do vento contra de bombordo, atravessamos a Baía de Ilha Grande relativamente rápido, com cerca de 50 minutos de navegação.

Chegando à pousada, seguimos nosso procedimento padrão: distribuímos todos em seus quartos para que pudessem descansar um pouco mais antes que partíssemos para os mergulhos.

O dia amanheceu com céu azul, sem nuvens, porém o vento ainda soprava forte e inquietava nossas mentes que especulavam sobre como iríamos realizar os mergulhos, como estaria a água e para quais pontos partiríamos.

Após um farto café da manhã, seguimos para o barco e depois de uma conversa com o mestre de nossa embarcação, decidimos que nosso primeiro mergulho do dia seria um mergulho profundo no canal de llha Grande, para aproveitar o estofo da maré baixa.



Apesar do vento que agitava um pouco a superfície, não tinha corrente no local, aumentando a segurança do mergulho e nos proporcionando outra surpresa agradável. Geralmente, neste mergulho não temos boa visibilidade devido à suspensão do sedimento do fundo do canal quando a maré está correndo. Nossa surpresa foi quando chegamos aos 25 metros aproximadamente e nos deparamos com uma visibilidade muito boa para este ponto, o que nos permitiu realizar os exercícios com tranquilidade. 


Findados os exercícios, iniciamos nossa subida lentamente e realizamos uma parada de segurança, como manda a regra.

Com todos a bordo, seguimos rumo ao nosso segundo ponto para darmos continuidade ao checkout. Mas, como o vento ainda continuava soprando forte, voltamos a especular qual seria o melhor local, pois uma escolha errada nos sujeitaria a uma péssima visibilidade. Levantamos três alternativas e fomos conferir. Chegando a primeira, já havia um barco ancorado no local com mergulhadores e, assim, descartamos este ponto e seguimos para nossa segunda alternativa. Partimos para Lagoa Verde para o mergulho de Navegação submarina e o primeiro check do pessoal do Básico.

A visibilidade da água neste ponto estava excelente. Podíamos ver a areia e as rochas no fundo apenas olhando do barco. Mas, para aferir a visibilidade com maior precisão, enquanto os alunos faziam o exercício de estimativa de distancia com ciclos de pernadas, posicionei-me de forma que pudesse visualizar os alunos que estavam um em cada ponta do cabo da carretilha e assim pude estimar a visibilidade em cerca de 20 metros, o que para esta época do ano é algo muito raro. E já que o vento estava limitando nossas opções, decidimos continuar neste ponto para o segundo mergulho do básico. Encerramos os exercícios e partimos de volta à pousada para almoçar e nos preparar para o mergulho noturno.

Chegando ao pier da pousada, aproveitamos a luz do dia e deixamos nossos equipamentos separados e prontos para o noturno, que seria realizado ali mesmo, na praia do Matariz, que fica em frente à pousada.

Depois do almoço e um bom descanso, seguimos para praia bem no início da noite. Entramos na água a partir da praia e fomos nadando pela superfície até próximo do costão no canto direito da praia. A partir deste ponto, submergimos e seguimos no sentido do costão observando o fundo de areia, onde frequentemente podemos encontrar arraias e pequenos cações-viola. Desta vez, nada de interessante.
Ao atingirmos o costão, seguimos por ele a procura de polvos e lagostas, que são frequentemente observados no local, mas que desta vez não apareceram. Por outro lado, logo no início nos deparamos com uma grande tartaruga que dormia embaixo de uma rocha e tampouco se incomodou com a nossa presença e as luzes de nossas lanternas. Continuamos e logo encontramos outra tartaruga, um pouco menor, descansando sobre uma rocha. Podemos observar também alguns cações-viola na transição rocha/areia e muitos caranguejos se alimentando.

Iniciamos o retorno e encontramos as tartarugas que estavam dormindo, agora acordadas, mas ainda sonolentas, que não se importaram com nossa passagem. Observamos também um pequeno Ofiúro (saiba o que é isso em Conhecendo os Equinodermos) que tentava se esconder sob as algas. Ao partirmos para a areia, encontramos outra tartaruga que dormia despreocupada sobre o fundo. Encerramos o mergulho e voltamos para pousada para jantar e descansar, já que ainda tinha mais um dia de atividades.

No domingo, o dia amanheceu novamente sem nuvens e com o vento que soprava constante, porém com menos força. Como combinado na noite anterior, acordamos mais cedo para adiantar nossa volta para casa após os mergulhos. Tomamos o café da manhã e sem demora partimos para o mar.

Nosso objetivo inicial era realizar um mergulho no Naufrágio Pingüino. Mas, ao chegarmos próximo do local avistamos uma embarcação ancorada sobre ele e fomos informados por nosso mestre de embarcação que outro barco já havia estado ali mais cedo. Com isso, abortamos este mergulho, pois tínhamos certeza que a visibilidade da água no local já estava comprometida. Assim, rumamos para Ponta da Praia Longa, um local abrigado e com profundidades que variavam desde os 3 metros até os 16 metros.

Nesse ponto, a visibilidade estava excelente e o local proporcionava o ambiente perfeito para nossas atividades, o mergulho de Busca e Recuperação e o Mergulho em Multinível.

Com o barco ancorado, sem demora iniciamos nossos mergulhos fazendo a busca e recuperação do cinto de lastro, que podia ser facilmente visto da superfície, facilitando a execução da técnica pelos alunos. Utilizando carretilhas e lift bags eles puderam subir com o cinto de lastro em segurança. Descemos novamente para que eles pudessem demonstrar como fazer alguns nós embaixo d’água. No início foi muito engraçado e tive a sensação que eles iam se amarrar todos e não conseguiriam, mas no final conseguiram demonstrar os nós e deu tudo certo.

Após intervalo de superfície, caímos na água para fazer nossa última atividade do dia, o mergulho em Multinível. Como o planejado, descemos até os 15m e permanecemos por uns cinco minutos e encontramos com uma arraia-prego pequena, depois mudamos para 10m, onde ficamos por cerca de 10 minutos e finalizamos aos cinco metros onde permanecemos por mais aproximadamente 15m, sempre respeitando os limites de tempo indicados pelo computador em cada profundidade.

E assim encerramos nosso checkout em Ilha Grande, com a presença de pessoas muito divertidas, onde pudemos desfrutar de um final de semana de sol, águas claras e muitas risadas.


Dados técnicos

Staff Aqualander
- Akira -> Instrutor
- Marcos Pelaes -> Instrutor
- Marco Dias -> Divemaster em treinamento

Créditos
Jan Wojcicki -> todas as fotos

Agradecimentos
Obrigado Dias, pelo apoio e bom trabalho executado em toda operação.
À todos que estiveram presentes nesta viagem.