terça-feira, 10 de junho de 2014

Biologia e Ecologia do Lionfish

Figura 1 - Lionfish. Fonte: NOAA
(
http://oceanservice.noaa.gov/education/stories/lionfish/lion04_biology.html
O lionfish é um peixe muito comum em aquários de água salgada. Contudo, pouco se conhecia sobre sua biologia e ecologia antes de sua invasão e dispersão na costa leste norte-america e Caribe.

Este peixe tem vários nomes populares: lionfish, zebrafish, firefish, turkeyfish, red lionfish, butterfly cod, ornate butterfly-cod, peacock lionfish, red firefish, scorpion volitans, devil firefish (NOAA, 2011). Mas em português é peixe-leão mesmo.

Existem oito espécies de lionfish que pertencem ao gênero Pterois. Dentre estas, duas chamaram a atenção, pois foram encontradas muito longe de seu local de endemia. São elas Pterois volitans e Pterois miles, endêmicas do Indo-Pacífico, estas espécies foram avistadas pela primeira vez em 1992 na costa da Flórida e hoje se encontram dispersas até o nordeste dos Estados Unidos e por todo mar do Caribe (Morris, 2009; Moris et al, 2009). Entretanto, de acordo com Hamner e colaboradores (2007), P. volitans é a espécie mais abundante.

Reprodução
O período reprodutivo das espécies encontradas na Carolina do Norte e Bahamas pode se estender por todo ano (Morris, 2009; Moris et al, 2009). Espécies do gênero Pterois apresentam um sutil dimorfismo sexual apenas na fase de reprodução. Nesta fase ocorre a corte, que inclui movimentos circulatórios, movimentos ondulatórios laterais, perseguição e condução. Este ritual se inicia no final da tarde e segue até à noite. Após todo este ritual, a fêmea libera duas massas de ovos flutuantes que são fertilizados pelo macho e que ascendem até a superfície, tornando-se uma massa de ovos pelágica, ou seja, permanece na coluna d’água (Fishelson, 1975; Whitfield et al, 2002; Morris, 2009; Moris et al, 2009). Os ovos e os embriões ficam agrupados por um muco adesivo que se desintegra em poucos dias. Em seguida, os embriões/larvas se tornam planctônicas (Fishelson, 1975; Morris, 2009), ou seja, flutuam livremente na coluna d’água. A duração das larvas de lionfish varia entre 25-40 dias (Whitfield et al, 2002, Hare & Whitfield, 2003). A dispersão do lionfish ocorre provavelmente durante o período larval pelágica, quando pode atingir grandes distâncias (Morris, 2009).

Distribuição
O lionfish é natural do Indo-Pacífico, podendo ser encontrado no Mar Vermelho, Austrália e Malásia, Polinésia Francesa e Ilhas Pitcairn do Reino Unido, sul do Japão e Korea do Sul, Ilha Lord Howe e Ilhas Kermadec da Nova Zelândia, e também Micronésia (NOAA, 2011). A figura 2 mostra a distribuição do lionfish em sua região natural.
Figura 2 – Distribuição do lionfish (em rosa escuro) em sua região de endemia. Fonte: NOAA (http://oceanservice.noaa.gov/education/stories/lionfish/media/supp_factc.html).

Como espécie invasora, agora pode ser encontrado desde o nordeste dos Estados Unidos, toda costa leste norte-americana, Bahamas, Golfo do México e Mar do Caribe, até o leste da Venezuela (NOAA, 2011), como pode ser observado na figura 3.
Figura 3 – Distribuição do lionfish (pontos vermelhos). Pode-se observar a dispersão desde o nordeste dos Estados Unidos até o leste da Venezuela. Fonte: NOAA (http://nas.er.usgs.gov/taxgroup/fish/lionfishdistribution.aspx)

Habitat
O Lionfish pode habitar águas quentes em mares tropicais, recifes de coral, fundos rochosos, manguezais, pradarias e recifes artificiais. Já foram avistados exemplares desde águas rasas até cerca de 300m de profundidade (NOAA, 2011). Apesar de originalmente ser endêmico de águas quentes, Kimball e colaboradores (2004) relataram que esta espécie pode suportar águas frias, acerca de 10-12°C, com temperatura letal mínima de 10°C.

Ecologia
Figura 4 – Grupo de lionfishes. Comportamento comum desta espécie
no Atlântico. Foto: Moris et al, 2009.
Este animal apresenta comportamento sedentário (Fishelson, 1975; Whitfield et al, 2002) e movimentos lentos (NOAA, 2011). Assim, precisam se utilizar de sua coloração incomum e grandes nadadeiras para desencorajar potenciais predadores. São predadores ativos e no oceano Atlântico assumiram uma posição de topo na cadeira trófica, podendo predar cerca de 50 diferentes espécies de peixes, incluindo algumas econômica e ecologicamente importantes (NOAA, 2011).

Embora apresentem hábito noturno, no Atlântico são frequentemente vistos nadando sozinhos ou em pequenos grupos (figura 4) e têm sido encontrados com os estômagos cheios durante o dia. Costumam caçar suas presas perseguindo-as lentamente e encurralando-as com a abertura de suas grandes nadadeiras peitorais (NOAA, 2011).

Precauções
Figura 5 - Espinhos com glândulas de veneno
do lionfish. Foto: NOAA, 2011.
Lionfish é venenoso e não deve ser tocado! Seus espinhos (Figura 5) contêm glândulas de veneno, que é liberado quando pressionados. O veneno pode afetar a transmissão neuromuscular, podendo causar reações desde inchaço até dor extrema. Em alguns casos pode causar paralisia das extremidades inferiores e superiores em humanos. A ação do veneno vai depender de onde a vítima é atingida, de seu sistema imunológico e da quantidade de veneno liberada (Morris, 2009; Moris et al, 2009).


Referências Bibliográficas
Fishelson, L. 1975. Ethology and reproduction of pteroid fishes found in the Gulf of Aqaba (Red Sea), especially Dendrochirus brachypterus (Cuvier), (Pteroidae, Teleostei). Pubblicazioni della Stazione Zoologica di Napoli 39:635-656.

Hamner, R.M., D.W. Freshwater, and P.E. Whitfield. 2007. Mitochondrial cytochrome b analysis reveals two invasive lionfish species with strong founder effects in the western Atlantic. Journal of Fish Biology 71:214-222.

Hare, J.A. and P.E. Whitfield. 2003. An integrated assessment of the introduction of lionfish (Pterois volitans/miles complex) to the Western Atlantic Ocean. NOAA Technical Memorandum NOS NCCOS 2 p 21.

Kimball, M.E., J.M. Miller, P.E. Whitfield, and J.A. Hare. 2004. Thermal tolerance and potential distribution of invasive lionfish (Pterois volitans/miles complex) on the east coast of the United States. Marine Ecology Progress Series 283:269–278.

Morris, J. A. Jr. 2009. The Biology and Ecology of the Invasive Indo-Pacific Lionfish. A dissertation submitted to the Graduate Faculty of North Carolina State University. Doctor of Philosophy. Zoology. Raleigh, North Carolina.

Morris, J. A. Jr., J.L. Akins, A. Barse, D. Cerino, D.W. Freshwater, S.J. Green, R.C. Muñoz, C. Paris, and P.E. Whitfield. (2009). Biology and ecology of the invasive lionfishes, Pterois miles and Pterois volitans. Proceedings of the Gulf and Caribbean Fisheries Institute 29: ___-___.

NOAA. 2011. Lionfish Biology Fact Sheet. 

Whitfield, P. E.; Gardner, T.; Vives, S. P.; Gilligan, M. R.; Courtenay Jr.,W. R.; Ray, G. C.; Hare, J. A. 2002. Biological invasion of the Indo-Pacific lionfish Pterois volitans along the Atlantic coast of North America. Mar Ecol Prog Ser Vol. 235: 289–297.

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